39 mil casas fechadas não puderam ser vistoriadas por agentes da dengue

A tropa na guerra contra a dengue
Ascom

 

Aproximadamente 39 mil imóveis não puderam ser visitados pelos agentes de endemias no primeiro ciclo de combate a dengue em Itabuna por estarem fechados, abandonados ou seus responsáveis não permitirem a entrada. As visitas pendentes aumentam a possibilidade de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e colocam sob risco o trabalho feito nos demais imóveis visitados, visto que o raio de vôo do inseto é de 300 metros.

Os índices de imóveis pendentes são mais altos nos bairros Castália (38,22%) e Pontalzinho (35,78%). O coordenador de Combate às Endemias da Secretaria da Saúde, Renato Freitas, diz que índice acima de 5% põe em risco todo o trabalho já realizado pelos agentes. O bairro Mutuns (3,7%) é o que apresenta a melhor situação, seguido pelo Banco Raso e Ferradas, aonde os índices também não chegam a 5%.

“A gente considera cada casa fechada um foco potencial” alertou Renato, lembrando que nos casos em que há dúvida se a pessoa é agente do Município, o morador pode pedir para ver o cartão de passe do transporte coletivo oferecido pela prefeitura para comparar com a carteira de identidade. Já na casa em que o morador passa o dia fora é sugerido que deixe um número de telefone ou um aviso com um vizinho, marcando o dia e horário em que pode ser encontrado para que seja feita nova visita.

O agente Moisés Cardoso Dantas trabalha há sete anos no combate à dengue e diz que em alguns pontos da cidade há muitas casas de herdeiros, casas com funcionários que não liberam a entrada e até mesmo crianças desacompanhadas, onde não pode entrar. “Nas casas em que as pessoas trabalham o dia inteiro a gente tenta diminuir as pendências visitando-a no período da noite e nos fins de semana” contou.

Para Marilúcia Silva Santos, agente há oito anos, a maior dificuldade é a falta de conhecimento de alguns moradores. “Muitos acham que dengue não existe”, diz, destacando que nas casas abandonadas ou em naquelas em que há recusa da visita, a única opção é notificar à Secretaria de Saúde. O coordenador Renato Freitas orienta que toda vez que o morador receber um agente deve cobrar para saber o que ele está fazendo e perguntar sobre como se proteger da dengue. O agente está treinado para dar essas respostas”, ressaltou.

A instalação das ovitrampas, como são chamadas ass armadilhas para a fêmea do mosquito, já foi concluída no bairro Daniel Gomes e começou no Urbis IV, onde deve terminar na próxima semana. De acordo com Renato Freitas, a aceitação pelos moradores está sendo muito boa. “É uma semana instalando e outra recolhendo as armadilhas, um processo dura dois meses”. As casas com ovitrampas colaboram, inclusive, com a diminuição de mosquitos nas casas vizinhas que estiverem fechadas, devido o alcance da ação da armadilha que pode chegar a 30 metros.

Testes preliminares com as ovitrampas já foram realizados em Itabuna pela Secretaria de Saúde do Estado – SESAB. Nos anos de 2002 e 2003 no bairro de Ferradas os índices de infestação foram reduzidos de 18% para até 1%. Já em 2003 até o quarto ciclo do ano o índice não passou de 5%, mas o projeto foi paralisado pelo Município.